segunda-feira, 23 de abril de 2007

Nevoeiro

Diário de Bordo, Vila do Conde, 23 de Abril de 2007
Canção do Dia: «Aureus» in Varekai (Cirque du Soleil)


Abri os olhos ensonados, ouvi o silêncio como tanto gosto. Passado pouco tempo a minha mãe suavemente abriu a porta do meu quarto e dando-me um terno beijo segredou-me:
-Já estás acordada? Posso abrir a persiana?
Quem me dera ficar a dormir mais um bocadinho; a sentir a almofada; a olhar para o tecto. Prometi a mim mesma que compensaria o sono durante a viagem.

O céu estava esquisito: não estava sol nem chuva. Arrisquei. Calcei as sandálias e a minha mãe levou-me ao metro.
Apanhei o habitual expresso, à habitual hora, da habitual ensonada segunda-feira.

Entrei e sentei-me. Com o balancear das carruagens o sono voltou. De repente deparo-me com um dos meus quadros favoritos: o nevoeiro. Há zonas em que a linha sobe sobre a linha das casas e das árvores. O manto branco roça a erva acabando por lá descansar. A paisagem torna-se névoa dispersa, calma, mágica, difusa; como num sonho, como numa miragem. Apenas se vê o verde do cume das árvores emergir por tão belas ondas. O sol aparece como pequena bola de fogo. A paisagem é linda. Dormir parecia agora um pecado.

Andante

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