Diário de Bordo, Porto, 28 de Janeiro de 2008
Canção do dia: «Rainbowarriors» CocoRosie
Greve dos condutores do metro, há menos comboios, as pessoas acumulam, esperam e desesperam.
No meio de um emaranhado de braços e cabeças, bolsas e casacos, entra uma senhora carregadíssima de sacos.
-Cum licença, cum licença. Há que apertari! Tem-se d'apertari sempr'o cinto, mas cumo naum estámos num carro, aperte-se aí só mais um bocadinho pr'eu entrari!
Os apertados manifestam-se. Indignação.
-Onde é que se vai meter?!
Há uma travagem brusca.
-Ui..ui que bou caire!
-Oh senhora, veja lá se se agarra, se não ainda cai em cima da gente!
-Minha senhora, tenha lá cuidado! Segure-se caramba!
-Olha o mieu telelé, tinha mesmu di tocar agora que nem consigo botar a mão ao borso!
-Oh Fátima cála-te que já não te posso ouvir! Tás no metro aos berros!
Andante
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Geração Perdida
Diário de Bordo, Vila do Conde, 25 de Janeiro de 2008
Canção do Dia: «I'mma Shine» Youngbloodz in Step Up
Sexta-feira, adormeci. Quando cheguei à paragem de Vila do Conde, o metro tinha acabado de partir. Fomos no seu encalço até à paragem de Santa Clara. Numa competição renhida, conseguimos a ultrapassagem.
O céu estava lindo. Frio e afogueado. Gritáva-me com seu vermelho. Não consegui dormir.
A carruagem ia a abarrotar.
Enquanto um rapaz funga e uma senhora lhe oferece um lenço que ele declina, entra um outro no metro. De mochila às costas, traz o volume da música "pastilha" demasiado alto. A carruagem revira os olhos. A mesma senhora comenta:
-É uma falta de respeito pelos outros, um exagero. Quer uma pessoa chegar ao trabalho descansada e é sempre isto! Há que respeitar os outros. Sabe lá se eu gosto desse género de música?! Esta geração está perdida!
Entra uma senhora de idade no metro acompanhada por uma segunda mais jovem. Procura lugar. É ignorada. Levanto-me e ofereço o simpático lugar à senhora. Agradece. Fala alto com a amiga sobre boas acções.
Andante
Canção do Dia: «I'mma Shine» Youngbloodz in Step Up
Sexta-feira, adormeci. Quando cheguei à paragem de Vila do Conde, o metro tinha acabado de partir. Fomos no seu encalço até à paragem de Santa Clara. Numa competição renhida, conseguimos a ultrapassagem.
O céu estava lindo. Frio e afogueado. Gritáva-me com seu vermelho. Não consegui dormir.
A carruagem ia a abarrotar.
Enquanto um rapaz funga e uma senhora lhe oferece um lenço que ele declina, entra um outro no metro. De mochila às costas, traz o volume da música "pastilha" demasiado alto. A carruagem revira os olhos. A mesma senhora comenta:
-É uma falta de respeito pelos outros, um exagero. Quer uma pessoa chegar ao trabalho descansada e é sempre isto! Há que respeitar os outros. Sabe lá se eu gosto desse género de música?! Esta geração está perdida!
Entra uma senhora de idade no metro acompanhada por uma segunda mais jovem. Procura lugar. É ignorada. Levanto-me e ofereço o simpático lugar à senhora. Agradece. Fala alto com a amiga sobre boas acções.
Andante
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Tertúlia
Diário de Bordo, Porto-Vila do Conde, 24 de Janeiro de 2008
Canção do Dia: «The Organ Donor» Dj Shadow
Enquanto lia um dos muitos jornais gratuitos distribuidos no metro...
...
-Olhe, deixei de fumar. Estava a ser discriminado. As pessoas, com a nova lei do tabaco agora desprezam os fumadores. Parece que agora quem fuma é assassino. As pessoas olham-nos com desprezo.
-Veja o lado positivo da coisa, pelo menos deixou de fumar!
-Lá isso foi. Mas sinto falta do cigarrito com a bica. Ainda no outro dia tava distraído e acendi o cigarro dentro de um cafézito. Lá me veio uma senhora toda empiriquitada dizer-me que o estabelecimento era para não fumadores. Lá lhe pedi desculpa e apaguei o cigarro.
Entretanto, entram vários "picas " na carruagem. Páram numa senhora e saem juntos em Esposade. A troca de ideias inicía-se. Pouso o jornal e pego no bloco com a sensação de uma boa história a caminho.
-São a ASAE.
-Pois é meu amigo! Olhe, agora é sempre isto! Durante o natal não se via ninguém.
-Agora é como os passarinhos!
-Tem razão.
-Olhe, a pobre da rapariga já vai ter multa! Coitada!...
-Pagava-se a diferença e pronto!
-Pois...agora vai ter de pagar uma pesada multa!
-A passagem da senhora é que estava errada!
-Pois eu paguei 60€ sem ter culpa nenhuma!
-Olhe, é como a minha filha! No outro dia tinha tudo direitinho. E validou o andante e tudo, só que pelos vistos a máquina dizia que ela não tinha validado, e pegou no recibo errado. Não podia provar. Foram logo 65€!
-São trabalhadores da noite!
-Ah pois é!
-O melhor é evitar, tirar tudo direitinho. Olhe que vergonha!
-Também já me aconteceu, mas foi de camioneta até Crestins. A porcaria da camioneta demorou duas horas e queriam que eu tirá-se outra viagem. Não paguei. Não tinha culpa que a camioneta tivesse demorado tanto tempo. Num domingo, num verão. Foi no dia de Nossa Senhora da...
Retomou-se o tema de conversa
-Deixe estar minha senhora, eles vão pagar as viagem de borla! Eles andam atentos! Referindo-se a passageiros ilegais (os que não compram passsagem).
-Olhe o filho da minha vizinha apanhou uma multa de 70€ por causa disso.
-Já viu quantas viajens dá para fazer?!
-Brincava no metro. Fazia o que queria do transporte público. 75€! Teve de chamar o irmão mais velho, era menor. Foi nas férias de verão. Eram onze da noite. Saíram logo os dois.
-É um exemplo.
-O que não era justo era quando eu estava na tropa, antes do 25 de Abril e não pagavam nada. Tinha de pagar bilhete para vir visitar a família. Nós a defendermos o país e não nos calhava nada. Isso é que era injusto! Trabalháva-se para voltar para casa.
- Com os meus irmãos também era assim. E não fumavam!
-Com o governo que está aí vamos voltar a isso.
-Pagava-se para tudo. Pagava-se para fumar, as bicicletas tinham de ter matrícula, não se podia andar descalço na rua.
-A minha irmã uma vez foi multada por não andar com as socas em Vila do Conde. Tinha 14 anos!
-Olhe, é isso e o tabaco.
-Não me faz falta nenhuma!
-Os cafés perderam muito com isso!
-As cidades estão fechadas à noite. Desaparece tudo!
-Desde que apareceram as discotecas e os supermercados...
A conversa continua, abordam-se vários temas: acidentes, pedofilia, assassínios, crianças desaparecidas. Comentam-se as últimas novidades dos jornais. Invoca-se Salazar.
A tertúlia vai-se desfazendo. Os intervenientes começam a abandonar a conversa.
-Boa tarde!
O senhor de óculos assobia agitando um envelope.
"Santa Clara"
Fecho o bloco, está na hora de sair.
Andante
Canção do Dia: «The Organ Donor» Dj Shadow
Enquanto lia um dos muitos jornais gratuitos distribuidos no metro...
...
-Olhe, deixei de fumar. Estava a ser discriminado. As pessoas, com a nova lei do tabaco agora desprezam os fumadores. Parece que agora quem fuma é assassino. As pessoas olham-nos com desprezo.
-Veja o lado positivo da coisa, pelo menos deixou de fumar!
-Lá isso foi. Mas sinto falta do cigarrito com a bica. Ainda no outro dia tava distraído e acendi o cigarro dentro de um cafézito. Lá me veio uma senhora toda empiriquitada dizer-me que o estabelecimento era para não fumadores. Lá lhe pedi desculpa e apaguei o cigarro.
Entretanto, entram vários "picas " na carruagem. Páram numa senhora e saem juntos em Esposade. A troca de ideias inicía-se. Pouso o jornal e pego no bloco com a sensação de uma boa história a caminho.
-São a ASAE.
-Pois é meu amigo! Olhe, agora é sempre isto! Durante o natal não se via ninguém.
-Agora é como os passarinhos!
-Tem razão.
-Olhe, a pobre da rapariga já vai ter multa! Coitada!...
-Pagava-se a diferença e pronto!
-Pois...agora vai ter de pagar uma pesada multa!
-A passagem da senhora é que estava errada!
-Pois eu paguei 60€ sem ter culpa nenhuma!
-Olhe, é como a minha filha! No outro dia tinha tudo direitinho. E validou o andante e tudo, só que pelos vistos a máquina dizia que ela não tinha validado, e pegou no recibo errado. Não podia provar. Foram logo 65€!
-São trabalhadores da noite!
-Ah pois é!
-O melhor é evitar, tirar tudo direitinho. Olhe que vergonha!
-Também já me aconteceu, mas foi de camioneta até Crestins. A porcaria da camioneta demorou duas horas e queriam que eu tirá-se outra viagem. Não paguei. Não tinha culpa que a camioneta tivesse demorado tanto tempo. Num domingo, num verão. Foi no dia de Nossa Senhora da...
Retomou-se o tema de conversa
-Deixe estar minha senhora, eles vão pagar as viagem de borla! Eles andam atentos! Referindo-se a passageiros ilegais (os que não compram passsagem).
-Olhe o filho da minha vizinha apanhou uma multa de 70€ por causa disso.
-Já viu quantas viajens dá para fazer?!
-Brincava no metro. Fazia o que queria do transporte público. 75€! Teve de chamar o irmão mais velho, era menor. Foi nas férias de verão. Eram onze da noite. Saíram logo os dois.
-É um exemplo.
-O que não era justo era quando eu estava na tropa, antes do 25 de Abril e não pagavam nada. Tinha de pagar bilhete para vir visitar a família. Nós a defendermos o país e não nos calhava nada. Isso é que era injusto! Trabalháva-se para voltar para casa.
- Com os meus irmãos também era assim. E não fumavam!
-Com o governo que está aí vamos voltar a isso.
-Pagava-se para tudo. Pagava-se para fumar, as bicicletas tinham de ter matrícula, não se podia andar descalço na rua.
-A minha irmã uma vez foi multada por não andar com as socas em Vila do Conde. Tinha 14 anos!
-Olhe, é isso e o tabaco.
-Não me faz falta nenhuma!
-Os cafés perderam muito com isso!
-As cidades estão fechadas à noite. Desaparece tudo!
-Desde que apareceram as discotecas e os supermercados...
A conversa continua, abordam-se vários temas: acidentes, pedofilia, assassínios, crianças desaparecidas. Comentam-se as últimas novidades dos jornais. Invoca-se Salazar.
A tertúlia vai-se desfazendo. Os intervenientes começam a abandonar a conversa.
-Boa tarde!
O senhor de óculos assobia agitando um envelope.
"Santa Clara"
Fecho o bloco, está na hora de sair.
Andante
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Desmaio
Diário de Bordo, Vila do Conde, 23 de Janeiro de 2008
Canção do dia: «All is full of love» Bjork
Longe vão os tempos em que tentava estudar no metro...
Quarta-feira, apanho um metro normal. Encontro dois amigos. Cansada, pouso a capa e a bolsa em cima das pernas. De "fones" nos ouvidos, cruzo os braços pousando-os sobre a mala. Adormeço profundamente...
"Próxima Estação Casa da Música.
Next Stop Casa da Música."
Num ápice, o metro pára um pouco mais violentamente que o habitual.
A capa escorrega.
Acordo num salto.
Toda despenteada do abanão, coro.
A carruagem observa-me.
Sorrio. Riu.
Depois de acordar os meus companheiros de viagem narram os acontecimentos ocorridos enquanto dormitara. Pelos vistos as pessoas acotovelavam-se na porta. Num determinado momento, uma rapariga alta e espaçosa (que eles designaram por cavalona), pede freneticamente licença para passar. As pessoas afastam-se pensando que o seu destino seria a próxima estação. De repente desmaia. A dita menina pediu simpaticamente licença, não para sair, mas sim para não cair em cima de ninguém. A terceira idade acorre-lhe:
-Tome água menina!
-Dêem-lhe açúcar!
Responde ela:
-Obrigada senhora, mas vou fazer análises, não posso comer nada!
-Mas está bem menina?
-Sim sim, muito obrigada.
...
Andante
Canção do dia: «All is full of love» Bjork
Longe vão os tempos em que tentava estudar no metro...
Quarta-feira, apanho um metro normal. Encontro dois amigos. Cansada, pouso a capa e a bolsa em cima das pernas. De "fones" nos ouvidos, cruzo os braços pousando-os sobre a mala. Adormeço profundamente...
"Próxima Estação Casa da Música.
Next Stop Casa da Música."
Num ápice, o metro pára um pouco mais violentamente que o habitual.
A capa escorrega.
Acordo num salto.
Toda despenteada do abanão, coro.
A carruagem observa-me.
Sorrio. Riu.
Depois de acordar os meus companheiros de viagem narram os acontecimentos ocorridos enquanto dormitara. Pelos vistos as pessoas acotovelavam-se na porta. Num determinado momento, uma rapariga alta e espaçosa (que eles designaram por cavalona), pede freneticamente licença para passar. As pessoas afastam-se pensando que o seu destino seria a próxima estação. De repente desmaia. A dita menina pediu simpaticamente licença, não para sair, mas sim para não cair em cima de ninguém. A terceira idade acorre-lhe:
-Tome água menina!
-Dêem-lhe açúcar!
Responde ela:
-Obrigada senhora, mas vou fazer análises, não posso comer nada!
-Mas está bem menina?
-Sim sim, muito obrigada.
...
Andante
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Queda
Diário de Bordo, Porto, 21 de Janeiro de 2008
Canção do dia: «Wandering eye» Fat Freddys Drop
Primeira semana de aulas do segundo ano. Numa réstia de aproveitamento dos últimos dias de semi-férias calcei as sandálias. Liberdade.
Na faculdade reencontram-se os amigos, reveem-se caras conhecidas, trocam-se férias e viagens.
Seis e seis: o metro chega à "Trindade". Na ânsia de apanhar o expresso saio do metro a correr e tento furar pela aglutinação de pessoas.
PUM!...
As sandálias de borracha escorregam no chão liso. Estatelo-me no chão mesmo nos pés de um senhor cujos sapatos o identificam como condutor do metro.
-A menina está bem?
-Está bem menina?
Não aguento. Rebento a rir. Da minha boca apenas saem sonoras gargalhadas. Subitamente lembro-me do expresso. Levanto-me num pulo. Não digo nada ao senhor, perdida de tanto rir. Subo as escadas duas a duas, valido o cartão, entro no metro.
O dito senhor deve ter ficado a pensar que eu era doida.
Andante
Canção do dia: «Wandering eye» Fat Freddys Drop
Primeira semana de aulas do segundo ano. Numa réstia de aproveitamento dos últimos dias de semi-férias calcei as sandálias. Liberdade.
Na faculdade reencontram-se os amigos, reveem-se caras conhecidas, trocam-se férias e viagens.
Seis e seis: o metro chega à "Trindade". Na ânsia de apanhar o expresso saio do metro a correr e tento furar pela aglutinação de pessoas.
PUM!...
As sandálias de borracha escorregam no chão liso. Estatelo-me no chão mesmo nos pés de um senhor cujos sapatos o identificam como condutor do metro.
-A menina está bem?
-Está bem menina?
Não aguento. Rebento a rir. Da minha boca apenas saem sonoras gargalhadas. Subitamente lembro-me do expresso. Levanto-me num pulo. Não digo nada ao senhor, perdida de tanto rir. Subo as escadas duas a duas, valido o cartão, entro no metro.
O dito senhor deve ter ficado a pensar que eu era doida.
Andante
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Francesinhas
Diário de Bordo, Vila do Conde, sábado, 14 de Janeiro de 2007
Canção do dia: «I dont wanna know» Mario Winans
Estávamos nas férias de Verão de 2006, eu e uma amiga regressávamos de um treino na estação do Bolhão. Já era tarde. Na nossa carruagem apenas estávamos nós as duas, uma cansada senhora de idade e um jovem bonacheirão.
Eu e a minha amiga conversávamos animadamente sobre o treino e a dança como habitualmente fazíamos.
Respondi-lhe com o meu nome. A minha amiga respondeu com um nome falso, como já havia feito outras vezes.
-Que lindos nomes que as meninas têm! Desculpem estar-me a meter convosco mas acho que aqui em Portugal as pessoas falam pouco umas com as outras!
Sorrimos...
-Acabei de chegar de França. Vim ver o meu pai. Já não o vejo à oito anos. Vou ali para Ponte da Barca.
-Elas ainda são muito novas para si! Deixe lá as miúdas!...Dizia a senhora com ar empertigado!
-A que horas?
-Mal cheguemos.
-Mas isso não pode ser. Temos dir a casa trocar de roupa. Não podemos ir assim! Mas depois vamos lá ter consigo, pode ser?
-Pode. Eu fico à vossa espera na estação.
-Ok, combinado. Demorámos aproximadamente 15 minutos. Espera por nós?
...
Andante
Voltei a vê-la. Apareceu num momento, desapareceu num intante. Estava a fazer outra vítima na estação de "Santa Clara". Não sei se hoje faria 90 anos novamente.
Andante
Canção do dia: «I dont wanna know» Mario Winans
Estávamos nas férias de Verão de 2006, eu e uma amiga regressávamos de um treino na estação do Bolhão. Já era tarde. Na nossa carruagem apenas estávamos nós as duas, uma cansada senhora de idade e um jovem bonacheirão.
Eu e a minha amiga conversávamos animadamente sobre o treino e a dança como habitualmente fazíamos.
-Olá meninas! Começou ele a meter conversa.
-Olá! Respondemos por boa educação.
-Tudo bem?
-Sim, tudo bem. Continuámos.
-Então como é que vocês se chamam?Respondi-lhe com o meu nome. A minha amiga respondeu com um nome falso, como já havia feito outras vezes.
-Que lindos nomes que as meninas têm! Desculpem estar-me a meter convosco mas acho que aqui em Portugal as pessoas falam pouco umas com as outras!
Sorrimos...
-Acabei de chegar de França. Vim ver o meu pai. Já não o vejo à oito anos. Vou ali para Ponte da Barca.
-Elas ainda são muito novas para si! Deixe lá as miúdas!...Dizia a senhora com ar empertigado!
A viagem decorria, e o imigrante deu corda à conversa. Eu e a minha amiga respondíamos num misto de gozo e boa educação. Era só mais uma das muitas personagens que viajam sobre carris.
-Não querem vir comer umas francesinhas?
Entrámos no jogo:
-Tá bem pode ser.
-Então vamos, pode ser?
-Ok. Como combinámos?
-Vamos a um restaurante muito bom que eu conheço, numa rua perto da estação.-A que horas?
-Mal cheguemos.
-Mas isso não pode ser. Temos dir a casa trocar de roupa. Não podemos ir assim! Mas depois vamos lá ter consigo, pode ser?
-Pode. Eu fico à vossa espera na estação.
-Ok, combinado. Demorámos aproximadamente 15 minutos. Espera por nós?
...
Andante
Voltei a vê-la. Apareceu num momento, desapareceu num intante. Estava a fazer outra vítima na estação de "Santa Clara". Não sei se hoje faria 90 anos novamente.
Andante
Subscrever:
Mensagens (Atom)